O livro da Lies

Dezembro 1, 2012 in Atividades Pontuais

É com muito prazer e orgulho que vamos lançar o livro da Liesbeth amanhã com o excelente trabalho de paginação de Francisco Paramos.
Fiquem aqui com o prefácio do livro:

«Este livro é uma viagem ao mundo interior da Liesbeth no período da sua vida que sofreu um problema oncológico. Encontramos nestas páginas um diário de um ano e meio, um tempo que parecia não passar. Durante este tempo escreveu a amigos, familiares e textos para si própria com a intenção de lhe serem aliviados os pensamentos e sentimentos que a atormentavam mas que não quis partilhar, na altura, com ninguém.

Uma forma excelente de se perceber o que se passa dentro de uma pessoa com cancro.
É um livro que pode ajudar uma pessoa que esteja a passar ou que passou por um problema oncológico. O pensamento positivo, o cuidar do corpo e da mente. Sentir as pequenas vitórias, o fim de cada etapa, o gosto sentido em cada etapa conquistada. É como chegar à meta depois de um grande esforço. A alegria que se sente é incomparável.
A Lies encontrou uma série de entraves para começar os tratamentos e isso modificou o cenário da doença. Como se estivesse a ter um pesadelo dentro de outro pesadelo. Para além da doença, sofreu pela angústia do atraso dos tratamentos, o que levou a que o tumor se desenvolvesse e que acabou por ter sido mastectomizada. (A minha história não aconteceu assim. Só tenho a dizer bem do IPO de Lisboa e do Hospital das Caldas da Rainha nos quais fui muito bem tratada).
Mesmo assim, descobrimos neste livro uma maneira de ser positiva mesmo no momento em que a feminilidade foi posta em causa e que a morte esteve tão perto. O humor está patente mesmo nas situações mais estranhas mas também se vê que olha para as pessoas de um modo diferente, com aquele olho incisivo em que consegue perceber o lugar que cada pessoa ocupa na sua vida. E essa ligação às pessoas de que gosta e estima dá-lhe uma carga de força motivadora. O interesse por se divertir, de relaxar e de aproveitar a vida é outro sinal que podemos aprender com ferramentas de como fazer uma transformação interior da forma mais delicada possível.
A alegria e o sofrimento tomam proporções muito profundas. Vivem-se os sentimentos de uma forma intensa. Estas cartas e pensamentos foram escritos na altura em que ela ia sentindo e partilhando e até um simples “ai” numa frase tem a emoção, sentida na altura, que poderemos sentir ao ler. São muito mais que palavras, são as sensações vividas pela Lies que sentimos ao ler este livro. As palavras têm uma carga do “Agora” da altura. Encontramos aqui um caminho percorrido de uma viagem perigosa que tinha como objetivo ir ao encontro da sua saúde, da aceitação da realidade que lhe veio bater à porta e que não houve maneira de como fechar essa porta e ao mesmo tempo de uma transformação interior.
Lies encontrou na escrita uma forma de expressão que a ajudou no equilíbrio emocional e que acaba por poder ajudar outras pes¬soas que estejam a passar pelo problema ou familiares que queiram perceber o que se pode sentir numa altura destas. Encontramos também formas de agir que poderão pacificar o tormento de quem vive o problema. O leitor pode-se identificar na história, e pode ser mesmo um utensílio na ajuda da definição de sentimentos que tantas vezes são tão confusos e desencontrados que só se ordenam quando se consegue encontrar um fio condutor. Encoraja a escrita como forma de alívio da alma. Também encontramos truques que utilizou e conselhos sobre várias áreas que ajudam em termos físicos.
Este livro é uma ferramenta. É uma das formas que Lies encontrou para ajudar outras pessoas. A Lies é uma “amiga do peito” que adquiriu conhecimento através da sua própria experiência, que pode colocar ao serviço ao apoio de outras mulheres. A sua participação no projeto Olha-Te, que apoia doentes oncológicos através de terapias ligadas à arte e ao desenvolvimento pessoal, como refere durante o livro, vai ser importante para o desenvolvimento e crescimento deste. O seu desejo de encontrar outras maneiras de apoiar vão de encontro com o propósito do Olha-Te: dar “injeções” de vida.»
Célia Antunes
Fundadora do Projeto “Olha-Te”